Cinquenta Tons de Cinza; o romance perdido de James Cain

Capa do livro perdido do mestre noir James A. Cain. A foto indica que existe uma edição Kindle, mas na verdade só audiobook e hardcover.

Dia desses, no salão perto de casa, fui surpreendida por uma mulher que lia Cinquenta Tons de Cinza (Fifty Shades of Grey no original). O livro, lançado em 2011, é um bestseller absoluto e o mais vendido paperback de todos os tempos, superando o recorde da coleção Harry Potter (que, por um motivo ou outro, nunca li). Já tive vontade de ler algumas vezes, mas era só dar uma olhada nas críticas disponíveis na página da Amazonmais de 12 mil no total — que desistia. Foi a figura daquela mulher pomposa e séria lendo E. L. James enquanto fazia as unhas que me fez voltar à obra mais uma vez (e acabo de baixar pelo Kindle).

Conheço pouco do enredo do primeiro título da trilogia, mas já encontro semelhanças entre este e Vênus em Peles, de Sacher-Masoch (aqui, post antigo sobre o assunto). Num dos primeiros encontros, Grey (que dá nome ao título) propõe a Ana (Anastasia, a protagonista) que eles assinem um acordo de “dominação e submissão”, do qual desiste (temporariamente) após descobrir que ela é virgem (aos 22!). O acordo é provavelmente assinado antes do fim deste primeiro livro, mas realmente duvido que supere a complexidade intelecto-passional de Sacher-Masoch. Enfim, vou ler o livro antes de criticar.

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The Cocktail Waitress, romance “perdido” do escritor noir James M. Cain redescoberto no fim do ano passado, acaba de ser publicado. Ainda não está disponível em versão Kindle, infelizmente (nem mesmo para compra antecipada) mas dá para comprar pela Amazon o audiobook.

A crítica gostou da protagonista Joan e do livro, com ressalvas: “Nenhum autor era melhor [do que Cain] quando o assunto era o preço que se paga pela concretização dos desejos. Não se trata de um Cain vintage, mas ainda assim é Cain”.

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